E aqui têm um pequeno video do debate realizado pela turma a 8 de Maio:
domingo, 1 de junho de 2008
A História do Amoníaco
Os sais de amónia são conhecidos desde tempos remotos; daí o termo Hammoniacus Sal aparecer nos documentos de Pliny, embora seja desconhecido se o termo é idêntico ao mais recente sal amoníaco. Na forma de sal amoníaco, a amónia é conhecida pelos alquimistas desde o século XIII, sendo mencionada por Albertus Magnus. Também era utilizada pelos tintureiros na forma de urina fermentada. No século XV Basilius Valentinus demonstrou que esta podia ser obtida por acção de uma base forte (alcalina) sobre o sal amoníaco. Num período mais tardio, quando o sal amoníaco era obtido destilando os cornos e os cascos de certos bovinos e neutralizando o carbonato resultante com ácido clorídrico, o nome Espírito de Hartshorn foi lhe atribuído.
O amoníaco gasoso foi pela primeira vez isolado por Joseph Priestley e foi denominado por ele de ar alcalino. Onze anos mais tarde, em 1785, Claude Louis Berthollet determinou a sua composição. O processo de Haber Bosch para produzir amoníaco do azoto gasoso foi desenvolvido por Fritz Haber e Karl Bosch em 1909 e patenteado em 1910. Foi inicialmente utilizado numa escala industrial pelos alemães durante a 1ª Guerra Mundial, após o boicotar das provisões de nitratos provindos do Chile. O amoníaco foi então, e mais tarde durante a 2ª guerra mundial, para produzir explosivos que pudessem continuamente suportar as suas ofensivas.
Actualmente, este é utilizado para um sem fim de utilidades incluindo:
· Sistemas de refrigeração (com a excepção daqueles constituídos por cobre, já que este lhe é extremamente corrosivo);
· Cigarros (ajudando a absorção de nicotina pelo sistema circulatório);
· Explosivos;
· Combustível (para os aviões do modelo X-15);
· Produção de ácido nítrico (uma das suas mais importantes utilidades);
· Fertilizantes;
· Desinfectantes;
Enfim, é uma matéria prima ou aditivo de grande valor na química, na farmacêutica, na petroquímica, na indústria extractiva, da borracha, do papel, alimentar, têxtil, de plásticos, de artigos de limpeza, do frio e também na electrónica e na metalúrgica. Como vêem é de extrema importância na sociedade e na indústria de hoje.
O amoníaco gasoso foi pela primeira vez isolado por Joseph Priestley e foi denominado por ele de ar alcalino. Onze anos mais tarde, em 1785, Claude Louis Berthollet determinou a sua composição. O processo de Haber Bosch para produzir amoníaco do azoto gasoso foi desenvolvido por Fritz Haber e Karl Bosch em 1909 e patenteado em 1910. Foi inicialmente utilizado numa escala industrial pelos alemães durante a 1ª Guerra Mundial, após o boicotar das provisões de nitratos provindos do Chile. O amoníaco foi então, e mais tarde durante a 2ª guerra mundial, para produzir explosivos que pudessem continuamente suportar as suas ofensivas.
Actualmente, este é utilizado para um sem fim de utilidades incluindo:
· Sistemas de refrigeração (com a excepção daqueles constituídos por cobre, já que este lhe é extremamente corrosivo);
· Cigarros (ajudando a absorção de nicotina pelo sistema circulatório);
· Explosivos;
· Combustível (para os aviões do modelo X-15);
· Produção de ácido nítrico (uma das suas mais importantes utilidades);
· Fertilizantes;
· Desinfectantes;
Enfim, é uma matéria prima ou aditivo de grande valor na química, na farmacêutica, na petroquímica, na indústria extractiva, da borracha, do papel, alimentar, têxtil, de plásticos, de artigos de limpeza, do frio e também na electrónica e na metalúrgica. Como vêem é de extrema importância na sociedade e na indústria de hoje.
Fonte: Trabalho de pesquisa acerca do Amoníaco no âmbito da disciplina de C.F.Q.
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Documentos Redigidos - Diogo Sereno
Fábrica de Matar - Parte IV
Em meados de 1943, Auschwitz atingiu seu tamanho máximo. A estrutura parecia-se então com uma pequena cidade. Para os soldados da SS, a vida era boa. Havia mercearias, cantinas, cinema, clube desportivo e um teatro com programação regular. O complexo industrial montado pela IG Farben produzia de armamentos a tinta e acabava por facturar cerca de 250 milhões de dólares ao ano, em valores actualizados. Os cerca de 100 000 prisioneiros ficavam divididos em 45 subcampos. Havia um só para mulheres, com 30 000 prisioneiras. Perto dali ficava o “Canadá”, uma área que recebeu esse nome porque o Canadá era tido como um país rico, próspero e, sobretudo, pacífico. Lá funcionava a triagem da bagagem dos presos: de roupas a relógios, o que pudesse ser reaproveitado era enviado para a Alemanha. Para os prisioneiros, aquele era um dos poucos serviços almejados, pois era onde se vivia melhor. Havia também prisioneiros que trabalhavam directamente com os alemães, como alfaiates, barbeiros e garçons. Mas o trabalho sujo sobrava para o comando especial, o grupo de prisioneiros, judeus ou não, que ajudavam os alemães na operação dos assassinatos. Cada conjunto de câmaras e crematório funcionava com 100 prisioneiros e apenas 4 alemães, aos quais cabia somente introduzir os cristais de Zyklon B. Os prisioneiros eram quem recolhia os corpos e os levava a um elevador. Outra turma os recolhia lá em cima e tratava de queimá-los nos fornos ou em grandes valas a céu aberto. No início de 1944, os Aliados sabiam o que ocorria ali e nos restantes campos de concentração. Os prisioneiros passaram a conviver com a esperança (e com a desilusão) ao verem e ouvirem aviões aliados sobrevoar o complexo. Os prisioneiros perguntavam porque razão as linhas de comboio ou as câmaras de gás não eram bombardeadas. E essa é uma das grandes questões da guerra que continuam sem resposta...
Com os Americanos e Ingleses tomando o ar e o Exército Vermelho atacando pelo chão, o ritmo de mortes em Auschwitz caiu. Em 1945, veio a ordem para que se esvaziasse o campo. Documentos, plantas e telegramas foram queimados e crematórios e câmaras de gás, destruídos. Os soviéticos haviam interrompido as linhas e os comboios deixaram de chegar ao campo.
Não havia muito mais gente a libertar: apenas 1 200 prisioneiros fracos e doentes que haviam sido abandonados. A 30 de Abril, Adolf Hitler suicidou-se num porão de Berlim e, um a um, envenenados, enforcados, capturados, os seus homens de maior confiança desapareceram da lista dos sobreviventes do 3º Reich.
Em 1963, os 22 últimos acusados por crimes em Auschwitz foram julgados: 17 saíram condenados, 6 à pena máxima de prisão perpétua. Ao todo, 8 000 homens da SS trabalharam em Auschwitz. Sete mil sobreviveram à guerra. Oitocentos foram julgados. A 90% deles nunca foi imputado qualquer crime...
Fonte: Baseado no texto de Celso Miranda, "Auschwitz - Entenda como funcionava a indústria da morte", presente na edição 243 da revista SuperInteressante
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Documentos Redigidos - Bruno Amaral
Fábrica de Matar - Parte III
A invasão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) revelou outro aspecto que teria desdobramentos trágicos nos territórios ocupados: o anti-semitismo. A presença de um grande número de comunidades judaicas no país sempre foi apregoada pelos nazis como prova da conspiração entre bolcheviques e judeus, que teria sido responsável pelos males que assolaram a Alemanha após a 1ª Guerra. Os judeus começaram a ser sistematicamente perseguidos na Alemanha em 1933, bem antes da guerra. Mas foi nos territórios soviéticos que o anti-semitismo se manifestou numa vertente até então inédita: o extermínio sistemático. Até a invasão da URSS não se pode afirmar que havia o objectivo de realizar o extermínio, mas o aumento brutal do número de prisioneiros, que superlotou campos e guetos, e a percepção de que a vitória na URSS não seria rápida, o que fez os nazis concluir que deportar judeus para o leste consumia homens, armamentos e recursos demais. O impacto da notícia em Auschwitz foi tamanho que se passaram a realizar duas e não mais reuniões semanais. Todas às terças e sextas, pontualmente às 9 horas, quando se juntava o pessoal para discutir a administração do campo, garantir o ritmo das obras em Birkenau e coordenar a chegada dos novos prisioneiros. Num desses encontros foi decidida a construção de novas câmaras de gás. Adaptadas a partir de duas velhas casas, as chamadas “casinha vermelha” e “casinha branca” tornaram-se-iam, na prática, duas caixas de tijolos com portas e janelas lacradas e apenas duas aberturas: uma na frente por onde os prisioneiros entravam caminhando e uma saída na parte de trás, por onde os corpos eram retirados.
Disfarçaram-se as câmaras de gás em casas de banho, para que os prisioneiros permanecessem calmos, sem reclamar, sem tentar fugir ou provocar confusão. A oferta do banho tinha, ainda, um objectivo muito prático e também muito cínico. Nus, os corpos depois de mortos não precisavam ser despidos, o que poupava as roupas para serem reaproveitadas. Entre os prisioneiros enviados para lá, 99% estavam mortos duas horas após desembarcar do comboio. O aumento do número de mortes trazia outro desafio logístico: livrar-se de tantos corpos. Em Auschwitz, no início, eles eram enterrados, mas com o verão o cheiro tornava-se insuportável. Por essa razão, a partir de finais de 1942 passou-se a utilizar um eficiente método crematório: a um metro do fundo das covas, instalavam-se barras de aço transversais. Depois, despejava-se gasolina no buraco. Sobre as barras depositavam-se os corpos intercalando-os com lenha, para que ardessem completamente. As cinzas caiam pelo vão entre as barras, liberando a grelha para que pudesse ser usada novamente. Quando elas atingissem a altura das barras de aço, bastava erguer a estrutura para cima, até que toda a vala ficasse repleta de cinzas humanas.
É notório o mórbido esforço dos arquitectos em Auschwitz na 2ª metade de 1942. No projecto inicial, os prédios sob o nível do solo serviriam como necrotérios, para onde os corpos seriam levados e queimados. No entanto, as plantas passaram por consecutivas alterações. O enorme porão foi dividido em salas menores e a rampa entre os porões, por onde desceriam os corpos, deu lugar a uma escada de degraus largos. Algo aparentemente incoerente, já que o prédio receberia mais gente morta do que viva. No final das alterações, o necrotério havia se transformado numa super câmara de gás, que matava até 2 000 pessoas numa hora e garantiria a fama do lugar. Outro nome para sempre associado a Auschwitz, será o do médico Josef Mengele, que chegou ao campo no início de 1943. Mengele instalou-se num dos crematórios , onde mantinha um consultório e um laboratório. Ali, ele realizou estudos genéticos- uma obsessão nazi - e fez experiências médicas ligadas à guerra, como com gangrena e queimaduras. Uma das suas actividades predilectas era realizar autópsias simultâneas em gémeos…
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Documentos Redigidos - Bruno Amaral
Fábrica de Matar - Parte II
Em Maio de 1941, as tropas alemãs invadiram a URSS. Em 4 semanas de combates, foram feitos 3 milhões de prisioneiros 2 milhões morreriam antes de 9 meses na prisão. Em 22 de Maio de 1941, a comissão económica do 3º Reich reuniu-se para discutir como proceder após as primeiras semanas da invasão. As atas desse encontro foram encontradas em Berlim após a guerra e permaneceram durante muito tempo secretas. “Se quisermos avançar em território soviético, temos que reduzir o consumo de alimentos e de energia das populações locais, diz um trecho do relatório. Mais adiante, o documento conclui: Nada de falsa piedade. Milhões morrerão de fome.” – descobriu-se ser esta uma das mais pugnantes expressões em toda a ata. A entrada em cena dos prisioneiros soviéticos acelerou os planos de extermínio nos campos. Em Julho do mesmo ano, membros do Programa de Eutanásia de Adultos, o Aktion T4, visitaram Auschwitz pela primeira vez. Criado anteriormente, o programa de limpeza genética dos nazistas incluía a eliminação de crianças portadoras de deficiências ou com doenças terminais e a esterilização de adultos nessas condições. Após o início da guerra, o projecto foi levado aos territórios ocupados e a lista passou a incluir adultos que não estivessem aptos para o trabalho. Os indesejáveis eram enviados para clínicas um pouco por todo o território e lá conduzidos a salas com falsos chuveiros, cujos canos não estavam ligados à água, mas a cilindros de monóxido de carbono. Cerca de 70 000 pacientes foram assassinados assim, entre 1939 e 1941 Em 1941, os fuzilamentos em massa tornavam-se cada vez mais comuns. Os grupos de mobilização da SS, circulavam por trás das linhas de combate e perseguiam civis soviéticos e membros das comunidades judaicas da região, contando, muitas vezes, com o apoio de voluntários locais ucranianos, lituanos, letões, entre outros para capturar, fuzilar e enterrar os corpos.
Embora eficaz, este método começava a surtir um efeito que os nazis consideravam negativo sobre os soldados. O rito sumário, a morte de crianças, velhos e mulheres civis, estaria a afectar a moral das tropas.
Diante disto, surgiria um novo tipo de câmara de gás volante em camiões fechados que tinham o cano de descarga voltado para o interior do veículo. Foi durante uma viagem a Berlim, que um cientista teria tido a ideia de usar ácido cianídrico para eliminar os prisioneiros. Na época, uma marca popular desse produto era comercializada com o nome de Zyklon B (ciclone, em português) e estava abundantemente disponível em Auschwitz, onde era usado para combater as constantes infestações de piolhos e outros insectos o veneno tinha a vantagem de ser altamente tóxico e invariavelmente letal.
Foi escolhido escolhido o bloco 11 para o primeiro teste com Zyklon B. Numa noite entre o fim de Agosto e o início de Setembro de 1941, portas e janelas foram vedadas e os guardas da SS receberam máscaras de protecção. Cerca de 160 prisioneiros foram colocados nas celas do porão e o Zyklon, espalhado pelo local. Na manhã seguinte, muitos continuavam vivos. A dose teve de ser repetida até que todos morressem. No final daquele ano, Auschwitz parecia ter ficado pequeno para tanta actividade, e o engenheiro Karl Bischoff foi incumbido de desenhar o projecto que praticamente criaria um novo campo, a 3 km do anterior. O local escolhido fora ocupado por uma pequena aldeia a que os polacos chamavam Brzezinka, mas que ficaria famosa pelo nome em alemão: Birkenau. O projecto previa 100 000 prisioneiros e estrutura de uma pequena cidade.
Foi escolhido escolhido o bloco 11 para o primeiro teste com Zyklon B. Numa noite entre o fim de Agosto e o início de Setembro de 1941, portas e janelas foram vedadas e os guardas da SS receberam máscaras de protecção. Cerca de 160 prisioneiros foram colocados nas celas do porão e o Zyklon, espalhado pelo local. Na manhã seguinte, muitos continuavam vivos. A dose teve de ser repetida até que todos morressem. No final daquele ano, Auschwitz parecia ter ficado pequeno para tanta actividade, e o engenheiro Karl Bischoff foi incumbido de desenhar o projecto que praticamente criaria um novo campo, a 3 km do anterior. O local escolhido fora ocupado por uma pequena aldeia a que os polacos chamavam Brzezinka, mas que ficaria famosa pelo nome em alemão: Birkenau. O projecto previa 100 000 prisioneiros e estrutura de uma pequena cidade.
Em oposição ao antigo Auschwitz, de onde a maioria das plantas e projectos desapareceram, o desenho original de Birkenau foi localizado entre os documentos secretos da antiga URSS, em 1990. Este revela que, desde o início, o local foi desenhado para abrigar os prisioneiros em condições repugnantes. Não havia água canalizada ou soalho nos barracões. Adaptados dos antigos campos da Alemanha, onde cada preso tinha a sua cela, os planos de Birkenau previam a colocação de 3 pessoas no mesmo espaço, ou 550 pessoas por barracão. As plantas originais revelam que o arquitecto não ficou satisfeito com esses números. Onde se lia 550 por barracão há uma anotação feita à mão, com o número riscado e trocado por 774. Ou seja, o espaço que nos campos da Alemanha era usado por 1 prisioneiro, em Birkenau, receberia 4.
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Documentos Redigidos - Bruno Amaral
Fábrica de Matar - Parte I
Matar um inimigo é fácil. Basta disposição, oportunidade e alguma força. Matar milhares de inimigos é mais trabalhoso. Requer poder e, de vez em quando, uma guerra. Agora, matar milhões de pessoas, eliminar populações inteiras e varrer do mapa comunidades, não é para qualquer um. Requer um arraigado sentimento de superioridade, doses cavalares de fundamentalismo, e, acima de tudo, poderio científico e uma pitada de irracionalidade humana. E, do ponto de vista puramente logístico, um grande esforço de organização, planeamento minucioso e disciplina - é preciso ter uma máquina extremamente eficiente em mãos.
Poucas vezes na história, talvez nunca antes nem depois, um governo se sentiu tão à vontade para executar a terceira situação descrita acima quanto os nazistas na Alemanha, Áustria, Romênia, Iugoslávia, Itália, França, Bélgica, Holanda, Bulgária, Hungria, Letónia, Lituânia, Ucrânia, Bielo-Rússia e Checoslováquia, mas, principalmente na Polónia. Nesses países, os seguidores de Hitler colocaram em prática um projecto inédito de limpeza étnica que levou a deportações, evacuações em massa, expurgos, migrações forçadas, prisões e, por fim, o extermínio planeado de quase 6 milhões de pessoas.
O modelo ultimado desta máquina de extermínio só ficou pronto com os campos construídos e operados durante a guerra na Polónia. Entre eles, o maior, localizado em Auschwitz, no sul do país. Lá, entre Maio de 1940 e Janeiro de 1945, cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram. A maioria eram judeus, mas havia prisioneiros de guerra soviéticos, dissidentes políticos polacos, ciganos e testemunhas-de-jeová. O meu esforço incidirá agora em explicar como os nazis planearam e operaram a maior indústria de extermínio de todos os tempos. Que inteligência esteve por trás dessa máquina de assassínio em massa? Que ideologia a justificou? E quem foi quem no sistema: militares, empresários, cientistas, arquitectos, políticos, juristas, carcereiros e burocratas.
Seis meses antes, a Alemanha tinha invadido a Polónia e iniciado a 2ª Guerra. Naquele tempo os nazis colocavam em marcha o plano de utilizar o número crescente de prisioneiros de guerra nas fábricas e indústrias alemãs, onde seriam explorados como mão-de-obra escrava. Em apenas 20 dias chegariam o primeiro milhar de prisioneiros de Auschwitz: todos homens polacos, fortes e saudáveis, acusados de resistência. Entraram pelo portão da frente, onde o sargento Hoss mandara escrever: Arbeit macht frei (“O trabalho liberta”). A frase, que cheira a um verdadeiro folhado de sarcasmo, revela a prioridade dos nazis naqueles primeiros tempos da guerra: conquistar territórios para a Grande Alemanha e transformá-los, rapidamente, em mais uma fonte de lucros para a indústria de guerra e desenvolvimento de armamento. Apenas 3 meses após sua inauguração, já havia 8 000 pessoas no local. Localizado a 30 km de um conjunto de minas com algumas das melhores jazidas de carvão da Europa, o campo de Auschwitz também chamou a atenção de um grande grupo industrial químico alemão, a IG Farben, que apresentou ao governo nazi um plano para instalar ali uma fábrica de borracha e combustíveis sintéticos. Os empresários fariam enormes investimentos na região. Em troca, pediam a garantia de mão-de-obra abundante. E barata, como é óbvio…
A ideia ganhou desde cedo um apoio de peso: o marechal Heinrich Himmler, comandante supremo da Schutzstaffel (tropa de elite alemã que servia directamente sob a alçada de Hitler), um dos homens fortes do Reich. Segundo o historiador Christopher Browning, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, longe de ser uma iniciativa isolada, a construção de campos como Auschwitz a que Himmler chamava de colónia-modelo estava intimamente ligada aos planos de expansão da Alemanha, revelando dois dos principais temas que qualquer nazi recitaria de cor: o espaço vital para reedificação do império alemão e a superioridade racial. Himmler esteve em Auschwitz pela primeira vez em Março de 1941. Numa reunião secreta, ele anunciou o seu desejo: que a capacidade do campo passasse para os 30 000 homens, o que faria de Auschwitz o maior dos campos de prisioneiros. Esses planos de ampliação só foram descobertos recentemente, após a morte do arquitecto alemão Fritz Ertl, que tinha guardado reproduções fiéis do projecto. Himmler tinha ali seus próprios aposentos, para os quais cada móvel, dos aparadores às poltronas, das mesas de trabalho aos enfeites na parede, foi desenhado com exclusividade. Enquanto isso, os prisioneiros trabalhavam duramente, escavando fossas, fabricando tijolos, construindo prédios, abrindo estradas, colocando trilhos, carregando e descarregando pesados fardos. E, apesar do foco no trabalho como se diria hoje em dia , Auschwitz já demonstrava outra vocação: mais da metade dos 23 000 prisioneiros enviados no primeiro ano para o campo morreu antes de completar 20 meses na prisão, abatida pela fome, exaustão e maus-tratos.
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